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O historiador Edison Carneiro e as portas da cidade

Por Gérson Brasil, jornalista.

 O historiador Edison Carneiro e as portas da cidade

Gérson Brasil


Tribuna da Bahia, Salvador
10/08/2018 08:55

     

 

Intelectual mulato, nascido em 1912, Edison Carneiro deixou uma vasta contribuição ao entendimento das religiões africanas, principalmente em “Candomblés da Bahia”, como também em outros trabalhos e por ter organizado o Segundo Congresso Afro Brasileiro de Salvador, em 1937. Mas pouco é colocado em evidência o trabalho de historiador inscrito no livro “Cidade do Salvador, 1549”, editado em 1954”, reeditado pela Editora Kalango em 2017. No mesmo livro consta os escritos publicados no Jornal A Tarde, entre 1949 e 1950, na revista Gaúcha Província de São Pedro, 1951 e no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, de 1960.

No trabalho ele refuta teses sobre a fundação de Salvador solidificadas por grandes nomes como Theodoro Sampaio, Gabriel Soares, Vilhena, Frei Vicente do Salvador e Jaboatão.

Uma das questões abordadas por Carneiro diz respeito à planta da Bahia, postada no famosos livro de Theodoro Sampaio, “História da Fundação da Cidade do Salvador”. O documento “não satisfaz como datado de 1549. A legenda que dá como cópia do original do “Livro que dá razão do Estado do Brasil e da guerra dos holandeses” reduzido para dois terços não é exata, pois no exemplar do livro em poder do Instituto Histórico Brasileiro só há os mapas da baía de todos os Santos e da Cidade em 1612. A planta não é mais do que o pormenor, em outro traço, desse mapa de 1612. Os seguidores de Theodoro Sampaio transformaram-na, de repente, em planta oficial da cidade”.

A análise criteriosa o exame minucioso dos documentos, a confrontação entre fonte primária e secundária em muito se assemelha ao senso crítico trazido à historiografia pelos fundadores da Escola dos Annales, em 1929, na França, cujos expoentes foram Lucien Febvre, Marc Bloch e depois Fernand Braudel. Eles instituíram a confrontação de documentação, cotejamento de informações, o espírito crítico diante do material e separação entre fonte primária e secundária, dentre outras coisas.

Ao refutar o mapa, Carneiro alia uma série de argumentação com base em dados históricos. ”A planta por si mesma revela-se muito posterior a 1549. Lá está, por exemplo, a eremida da Conceição, construída talvez em 1550. Lá está o “palácio do bispo”. Sabemos que o bispo só foi nomeado em 1551, quando o papa criou o bispado do Brasil, chegou à Bahia em 1552”.

Em outro trecho do livro “História da Fundação da Cidade do Salvador”, Edison Carneiro afirma ser da conveniência de Theodor Sampaio a arrumação do sítio da cidade em 1549 compreendido entra a Praça da Sé e a Praça Castro Alves. Ele e seus seguidores deixaram de “explorar outras possibilidades, que os documentos antigos indicam que a cidade se estendesse para além da Praça, de maneira a incluir o Terreiro”.

Carneiro discute e mostra que o Colégio dos Jesuítas fora erguido dentro do limite da cidade, não além da demarcação. “Nobrega dizia que o governador não queria lhe dar o local que escolhera para o Colégio, porque não ficava dento da Cidade. Antes do Natal de 1549 estava tudo pronto”.

Numa alusão a Theodoro Sampaio e os historiadores que lhe seguiram, Carneiro pergunta. “Os que circunscrevem a Cidade num aparatado triângulo saberão dizer se depois disso os jesuítas construíram um novo Colégio. Esta construção manteve-se até 1552. Fica a suposição de que o Colégio foi levantado junto ao local em que está a Faculdade de Medicina, no Terreiro.  Ora se o governador não queria dar a Nóbrega o teso que escolhera, por ficar fora da cidade, porque lhe daria chãos no Terreiro essa zona de acordo com Theodor Sampaio ficava extramuros?  Se o Terreiro e o Carmo ficavam fora da cerca, porque negaria o governador permissão para levantar o Colégio no Carmo, e deixaria de fazê-lo no Terreiro? Por outro lado, ficaria a Sé fora de portas”?

Edison Carneiro arremata dizendo que “as cartas de Nóbrega, de Luís Dias, os documentos antigos e a lógica elementar sugerem que a cidade se estendia muito mais para o norte do que a Praça Municipal – exatamente até a Porta de Santa Catarina, no Largo do Pelourinho”.

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