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/ Políticas & Finanças

No ano da pandemia, governo gastou R$ 1,3 milhão em carros novos para ex-presidentes

O total de gastos já soma R$ 69 milhões nas duas últimas décadas. Tudo pago pelo contribuinte

No ano da pandemia da Covid-19, a Presidência da República pagou R$ 1,3 milhão por 12 carros oficiais novos destinados a ex-presidentes. Contando com outras mordomias, como assessores, diárias e passagens, e combustível, as despesas chegaram a R$ 6,8 milhões – dinheiro suficiente para comprar 136 mil vacinas contra o coronavírus. A maior despesa foi feita pelo ex-presidente Lula – R$ 1,33 milhão – incluindo os carros “chapa-branca”. O total de gastos já soma R$ 69 milhões nas duas últimas décadas. Tudo pago pelo contribuinte.

Medidas de segurança aprovadas por decreto preveem a entrega de dois veículos oficiais para atendimento exclusivo de cada uma dessas “autoridades”. Considerando que os carros foram “intensamente utilizados ao longo dos últimos anos”, tornando-se antieconômico pelo elevado custo de reparo e pelo baixo rendimento de consumo de combustível, a Secretaria-Geral da Presidência optou pela troca por carros “zero quilômetro”, ao custo unitário de R$ 108 mil, no final de 2019.

Mas a entrega e o pagamento da frota “chapa branca” ocorreu em 2020. As despesas com combustível, seguro e manutenção dos carros ficaram em R$ 81 mil, sendo R$ 70 mil com combustível. Os veículos dos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor são abastecidos na Presidência da República, enquanto os demais pagam o combustível com cartão corporativo do governo federal. Collor ainda conta com carro oficial pago pelo Senado Federal, com direito a combustível e motorista. Nos últimos oito anos, esses gastos somaram R$ 570 mil. Quem mais usufruiu da mordomia foi o ex-presidente Fernando Collor – R$ 269 mil.
 
Salários de assessores são carro-chefe
 
Haveria um corte de gastos em 2020, pela redução do número de viagens internacionais. O total de despesas ficaria em R$ 5,5 milhões. Em 2019, chegou a R$ 6,4 milhões. Mas o pagamento dos novos carros oficiais elevou os gastos para R$ 6,8 milhões no ano passado. Como em anos anteriores, a maior despesa em 2020 foi com a equipe de apoio, composta por assessores, seguranças e motoristas. Foram R$ 4,6 milhões. Uma pequena redução em relação a 2019 – R$ 5 milhões. Os valores de 2019 foram atualizados pela inflação.

A equipe do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi a mais cara – R$ 853 mil. Os servidores públicos à disposição da ex-presidente Dilma Rousseff custaram R$ 818 mil. A equipe do ex-presidente Michel Temer custou R$ 794 mil. A de Sarney, R$ 740 mil; a de Collor, R$ 730 mil. Lula foi o mais econômico nesse item, com uma folha de pagamento de R$ 693 mil.

Collor também contou com mais 55 assessores no seu gabinete no Senado, com uma folha mensal de R$ 466 mil. Ao longo de 2020, incluindo o 13º salário, a despesa ficou em R$ 6 milhões. Hoje, o assessor com maior salário no gabinete de Collor, um servidor efetivo, recebe R$ 39,5 mil bruto – acima do salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas ele sofre abate-teto de R$ 226. Com as mordomias de ex-presidente, sobrou dinheiro da cota para o exercício do mandato para o senador investir R$ 390 mil em assessoria de comunicação.
 
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