General chavista diz que Venezuela financiou Lula, Kirchner e outros políticos de esquerda
Hugo Armando Carvajal Barrios, conhecido como Pollo Carvajal, é um general chavista que foi preso em Madri em setembro, considerado o fugitivo mais procurado dos Estados Unidos por tráfico de drogas
Um ex-chefe da inteligência militar venezuelana informou à Justiça da Espanha que os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram pagamentos ilegais a partidos e políticos de esquerda no país europeu e na América Latina, entre eles os ex-presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Néstor Kirchner, e da Bolívia, Evo Morales.
Carvajal foi chefe da inteligência militar da Venezuela nos governos de Chávez e do atual ditador, Nicolás Maduro. Os Estados Unidos o acusam de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e colaboração com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para contrabandear drogas para território americano. Ele segue preso na Espanha enquanto é analisado seu pedido de extradição aos EUA.
Em uma carta enviada ao juiz espanhol Manuel García-Castellón, à qual o site Ok Diario teve acesso, Carvajal informou que o governo da Venezuela financiou o partido de esquerda Podemos, da Espanha, desde sua criação, em 2014, até pelo menos julho de 2017. A legenda espanhola também teria recebido pagamentos de Cuba.
Segundo o relato, o dinheiro destinado ao Podemos era repassado de três formas: por meio de malas diplomáticas provenientes da Venezuela; através de empresas de fachada espanholas; e entrega de valores em espécie na Venezuela provenientes da embaixada de Cuba. Os trechos publicados pelo Ok Diario não informam se o envio de dinheiro a políticos de outros países seria feito da mesma forma e se estes também teriam recebido repasses da ditadura cubana.
Na carta, Carvajal apontou: “Enquanto era diretor da inteligência militar e contra-espionagem na Venezuela, recebi um grande número de relatórios indicando que esse financiamento internacional estava ocorrendo. Exemplos específicos são: Néstor Kirchner, na Argentina; Evo Morales, na Bolívia; Lula da Silva, no Brasil; Fernando Lugo, no Paraguai; Ollanta Humala, no Peru; (Manuel) Zelaya, em Honduras; Gustavo Petro, na Colômbia; o Movimento Cinco Estrelas, na Itália; e o Podemos, na Espanha. Todos eles foram relatados como destinatários de dinheiro enviado pelo governo venezuelano”.
O general informou ao juiz que esse esquema de financiamento ilegal a movimentos políticos de esquerda teria funcionado durante “pelo menos 15 anos”.
Em 2007, a alfândega argentina encontrou cerca de US$ 800 mil dentro de uma mala em posse de um empresário venezuelano que havia chegado a Buenos Aires em um jato alugado que havia saído de Caracas.
Na aeronave, estavam também o presidente do Órgão de Controle de Concessões de Estradas da Argentina (Occovi, na sigla em espanhol), Cláudio Uberti, que deixou o cargo devido ao escândalo, o presidente da estatal petrolífera argentina Enarsa e quatro funcionários da estatal de petróleo venezuelana PDVSA. Depois, o empresário venezuelano afirmou em uma entrevista que o dinheiro era para a campanha para presidente de Cristina Kirchner, esposa do então presidente Néstor Kirchner.
Em nota, a assessoria de Lula negou que ele tenha recebido dinheiro da Venezuela. “O ex-presidente Lula teve todos os seus sigilos quebrados e analisados ao longo de anos e nenhuma irregularidade ou valor ilegal foi encontrado em suas contas”, apontou.