Petro cai 3,82% com terceiro presidente sob Bolsonaro
Na segunda-feira, ação da estatal fechou no maior patamar desde 2010
A ação da Petrobras estava na máxima desde 2010. Isso foi ontem. Depois que a bolsa fechou, Jair Bolsonaro decidiu demitir o terceiro presidente da estatal de seu governo. Não deu outra: as ações caíram 3,82%.
José Mauro Coelho perdeu o cargo apenas 40 dias depois de assumi-lo. E bateu um recorde: foi o CEO que ficou menos tempo no cargo desde a criação da estatal.
O motivo é o de sempre: Bolsonaro está tentando interferir na política de preços da estatal, baseada na cotação internacional do petróleo – e que não cede dos US$ 100 por barril. Como o preço do petróleo está na lua, os brasileiros sofrem na hora de abastecer o carro. A tentativa de interferência do presidente na companhia já custou o cargo de Roberto Castello Branco, do general Joaquim Silva e Luna e agora de José Mauro Coelho.
O novo indicado é Caio Mário Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do ministro Paulo Guedes. Ele só assume após aval da Assembleia Geral Extraordinária de acionistas, que deve acontecer no final de junho. Enquanto isso, Coelho continua.
Pelas regras do jogo, Andrade não poderia assumir o cargo. A questão é que ele não tem experiência na área de energia ou petróleo e gás, o que desrespeita a Lei das Estatais e pode levar à judicialização da sua indicação. Sancionada em 2016, por Michel Temer, a legislação determina que os escolhidos para a presidência de companhias estatais tenham, no mínimo, experiência de 10 anos em empresas públicas do setor, ou quatro na chefia de companhias similares.
A queda de 3% parece pequena ante o risco que a companhia corre. Se um aliado de Guedes e Bolsonaro finalmente for o bastante para mudar a política de preços da companhia, a rentabilidade – e os generosos dividendos – tende a minguar.
Aí a Petrobras fica em xeque. Se o novo presidente não for capaz de mudar a dinâmica da empresa, estará mais uma vez com a cabeça a prêmio. Só que, no quarto presidente, parece que investidores já se acostumaram com esse padrão de Bolsonaro. A Petro caiu, mas não contagiou o mercado.
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