"Novo cangaço": como a polícia tem combatido ações de grandes organizações criminosas
Estimativas apontam que entre 2015 e 2020, os mega-assaltos ocorridos em diversas regiões do país foram responsáveis pela subtração de aproximadamente meio bilhão de reais
O ano de 2021 contou com diversas tentativas de crimes que figuram no chamado “novo cangaço” – modalidade em que quadrilhas com altíssimo poder de fogo e táticas de guerrilha realizam ações cinematográficas para subtrair altos valores de instituições financeiras. Dois desses casos, entretanto, tiveram maior repercussão por motivos distintos.
Enquanto o mega-assalto a agências bancárias de Araçatuba (SP), ocorrido em 30 de agosto, mostrou-se um dos mais violentos da modalidade, com a utilização do maior volume de explosivos da história do país, uma operação conjunta entre Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Varginha (MG), desmantelou uma quadrilha armada com um arsenal de guerra prestes a atacar um centro de distribuição de valores. O caso é considerado pela polícia a maior operação contra o novo cangaço no país.
De acordo com fontes ouvidas pela Gazeta do Povo, há um escalonamento desse tipo de crimes, que vai desde a explosão de terminais bancários de autoatendimento, passando a ataques a carros-fortes (que frequentemente terminam na explosão desses veículos) e, por fim, chegam ao roubo a bancos e bases de empresas de guarda de valores.
Os ataques, que aterrorizavam apenas cidades do interior do país, têm se intensificado nos últimos anos e, sobretudo a partir de 2015, começaram a chegar em cidades maiores e mais estruturadas, nas quais os criminosos têm acesso a quantias financeiras altas. Crimes que fazem parte dessa evolução do novo cangaço recebem o nome de “domínio de cidades”.
“Crimes do novo cangaço ocorrem em municípios menores, distantes das grandes metrópoles, com efetivo policial reduzido e pouco aparato de segurança. Já os ataques a grandes cidades demandam planejamento e estrutura logística mais avançados. São pessoas muito bem organizadas, que usam armas de grosso calibre, explosivos e veículos blindados”, diz Maurício Herbert Rodrigues, major da Polícia Militar, que atou no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no combate às quadrilhas do novo cangaço.
O nome “novo cangaço” tem relação com o método utilizado por Lampião e outros cangaceiros no sertão nordestino entre o final do século 19 e o começo do século 20, que cometiam roubos, sequestros e demais crimes sempre em bandos e com amplo emprego de violência. Estimativas apontam que entre 2015 e 2020, os mega-assaltos ocorridos em diversas regiões do país foram responsáveis pela subtração de aproximadamente meio bilhão de reais.