Silêncio diante de antissemitismo derruba máscara do Sleeping Giants
Artigo de Madeleine Lacsko
O antissemitismo de esquerda tem se alastrado pelas redes sociais. Quando apontado, é enfrentado pela esquerda com duas respostas padrão. A primeira é que não se pode confundir o povo palestino com o Hamas. A segunda é que não se pode confundir antissionismo com antissemitismo. São duas falácias.
Existem pessoas que confundem a ação do Hamas com as do povo palestino, mas não é esse o caso que tem sido apontado. A esquerda tem feito diversas manifestações em apoio ao Hamas. Um jornalista ligado ao PT fez a seguinte declaração: “Podemos não gostar do Hamas, discordando de suas políticas e métodos. Mas essa organização é parte decisiva da resistência palestina contra o Estado colonial de Israel. Relembrando o ditado chinês, nesse momento não importa a cor dos gatos, desde que cacem ratos” (grifo meu). Não é uma pessoa qualquer. É um jornalista que aparece naquela foto de chefes de Estado latinoamericanos no funeral de Fidel Castro. Estavam ali, por exemplo, Lula e Dilma.
Agora ficou claro que o problema não é o que se fala, é quem fala. A máscara caiu.
Um colunista do Brasil 247 acabou perdendo o emprego como assessor de um deputado de esquerda após postagens esdrúxulas. Zombou de uma refém do Hamas, postou uma bandeira de Israel com uma barata no lugar da estrela de David, tem várias fotos usando a camiseta do Hezbollah. É uma figura importante, que já trabalhou no governo Dilma e foi assessor de Jilmar Tatto. Fez live com Paulo Pimenta e um acusado de participação no atentado da AMIA, entidade judaica, em Buenos Aires no ano de 1994. Recentemente, foi recebido pelos ministros Silvio Almeida e Alexandre Padilha.
O silêncio do Sleeping Giants tem sido notado pelos seguidores. Nas últimas postagens, a grande maioria dos comentários é cobrando um posicionamento. O grupo diz que seu objetivo é desmonetizar veículos que promovem discurso de ódio. Sabemos há anos que não é a verdade.
Em dezembro de 2020, um economista fez um vídeo em seu canal pessoal do YouTube que foi considerado discurso de ódio pelo Sleeping Giants. Alegaram que culpabilizava uma vítima de estupro. Caso o modus operandi de desmonetizar discurso de ódio fosse regra, o grupo teria advogado pela desmonetização do canal. No entanto, isso nem foi feito.
A atitude do grupo foi advogar pela desmonetização dos veículos de imprensa onde o referido economista tinha colunas. A Gazeta do Povo foi alvo e não cedeu à chantagem, algo que não foi fácil. Outra atitude foi tentar me pressionar a falar mal da Gazeta do Povo por não ceder à chantagem. Obviamente também não cedi. Os seguidores do perfil passaram a me atacar e também exigir a minha demissão. Na época, fiz uma coluna chamada “As 20 perguntas que não foram feitas ao idílico casal do Sleeping Giants”. Foi deixado um espaço aberto para que respondessem. Lá se vão quase três anos e as respostas jamais chegaram.
Agora o cenário começou a mudar. As pessoas estão cobrando que o Sleeping Giants faça exatamente aquilo que alardeia fazer. Eles dizem que desmonetizam canais que disseminam discurso de ódio. Agora temos dois veículos que estariam fazendo isso. Não há nem menção a eles.
É preciso notar que houve uma mudança na reação às postagens do grupo. Durante muito tempo, havia pessoas notando a discrepância gritante entre discurso e ações. No entanto, a maioria dos comentários às postagens do grupo era de apoio. O Sleeping Giants ainda conseguia agir diferente do que pregava mas, mesmo assim, energizar grupos para atacar em quem mirava. Após o silêncio diante do antissemitismo a máscara caiu.
Agora, a maioria dos comentários às postagens feitas pelo grupo é de cobrança por uma campanha de desmonetização dos veículos que abrigam colunistas com afirmações que poderiam ser consideradas discurso de ódio contra judeus.
Ainda estamos nos acostumando à dinâmica digital. As pessoas já começam a perceber que é preciso ir além dos discursos e posições ideológicas. Os métodos de ação são tão importantes quanto. Não há como combater ódio utilizando exatamente os mesmos métodos dos grupos de ódio. O principal deles é eleger um alvo, separando a ovelha do rebanho, e instigar os seguidores a demolir a pessoa.
O objetivo não é regrar discursos violentos e fazer as pessoas entenderem que o diálogo precisa ser diferente. Ele passa a ser simplesmente aniquilar, tirar empregos e patrocínios de quem fez o discurso. Não se considera perdão, compaixão nem misericórdia.
Agora ficou claro que o problema não é o que se fala, é quem fala. A máscara caiu. Resta saber quanto tempo as grandes empresas, departamentos de marketing e parte da mídia vão demorar para abrir os olhos. O público já abriu.