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A programação do evento, que é patrimônio imaterial do estado desde 2010, começou domingo, 13, e terminou quinta-feira, dia 17 de agosto.
O evento homenageia a Irmandade da Boa Morte, formada por mulheres negras, é uma confraria religiosa afrocatólica brasileira que, por muito tempo, foi responsável pela alforria de inúmeros negros escravizados. Atualmente, a missão social do grupo é voltada para a educação.
A festa da Boa Morte acontece sempre em agosto, mês dedicado à Nossa Senhora, reunindo cultura e religião, em manifestações de fé, respeito e solidariedade, para lembrar as lutas e resistência dos povos negros. Todos os anos, Festa da Boa Morte atrai turistas do Brasil e do mundo.
A abertura é o considerada o dia das "irmãs falecidas". Na missa, as participantes lembram os nomes das ancestrais e incensam o ambiente em torno da imagem de Nossa Senhora. Depois, saem em procissão, carregando a imagem sobre um andor rumo à Igreja matriz de Nossa Senhora do Rosário.
O cortejo noturno, que faz parte da programação, é formado por mulheres da secular Irmandade da Boa Morte, que percorrem as ruas segurando velas, vestidas em trajes de gala na cor branca - que representa uma passagem pacífica nas religiões afro-brasileiras.
No percurso, elas param em frente à casa "estrela", de número 41, onde funcionou primeira sede da irmandade. Depois é servida uma ceia, apenas com alimentos brancos, como arroz, pão e diversos tipos de peixe, por causa da celebração afrorreligiosa.
Não há uma data precisa sobre o surgimento da irmandade. Pesquisadores apontam que os primeiros sinais do grupo são de 1810, em Salvador, a partir de mulheres escravizadas oriundas de países africanos.
O grupo, que atuava para alforriar escravos, foi extinto por causa de perseguições, que fizeram com que algumas irmãs fossem para Cachoeira, cidade que, na época, gozava de uma economia pujante. Em 1840, elas retomaram a irmandade no recôncavo.
O nome da irmandade foi escolhido porque quando os negros eram maltratados - o que era comum nos séculos passados, sempre pediam para terem uma boa morte. Muitos pediam a interseção de Maria, para morrerem bem junto a ela.
O grupo já chegou a ter 150 integrantes, com posições passada entre gerações. Apesar do número relativamente expressivo, essas mulheres precisaram lutar para cultuar uma santa católica, sem deixar de lado a ancestralidade do povo preto.
Elas celebravam a santa católica, mas também cultuavam orixás. Nem todos os padres eram generosos e alguns não abriam as portas das igrejas para as irmãs, e não as aceitavam como negras, nem a matriz religiosa que herdaram.
13 DE AGOSTO:
18h30: Traslado da imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, saindo da Capela de Nossa Senhora D'Ajuda;
· 19h: Missa de Réquiem pelas irmãs falecidas, na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte;
· 21h: Ceia Branca na sede da Irmandade.
14 DE AGOSTO:
· 19h: Missa da Dormição de Nossa Senhora, na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte, seguida de uma procissão.
15 DE AGOSTO:
· 6h: Alvorada festiva;
· 10h: Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, na Igreja Matriz do Rosário. Em seguida, procissão e a posse da Comissão para o ano de 2024;
· 12h: Valsa e samba de roda no Largo D'Ajuda;
· 13h: Almoço das Irmãs e no final da tarde;
· 17h: Samba de roda no Largo D'Ajuda.
16 DE AGOSTO:
· 18h: Cozido, seguido de samba de roda no Largo D'Ajuda.
17 DE AGOSTO:
· 18h: Tradicional caruru e samba de roda, no Largo D'Ajuda.
Exposição e feira
Desde sábado (12) até o dia 19 de agosto estará aberta a Mostra Fotográfica "Irmandade da Boa Morte–1970". As fotos serão expostas no Adro da Capela D’Ajuda. Também estão integradas com a Festa da Boa Morte a Feira de Artesanato da Bahia e a Feira de Empreendedorismo Negro.
Elas estarão na Praça Dr. Aristides Milton deste sábado até a segunda-feira (14), sempre das 14h às 20h.