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No próximo dia 17 de outubro, uma quinta-feira, o frei Jociel Gomes terá um encontro marcado na Santa Sé, no Vaticano. Em suas mãos, estarão três caixas lacradas e envolvidas em laços vermelhos. Elas guardam mais de 700 páginas de provas sobre a vida de Madre Vitória, que poderá ser a próxima santa baiana. Na manhã de quarta-feira (25 de setembro), o Convento do Desterro, onde a religiosa viveu, recebeu a sessão solene que marca a finalização da primeira fase do processo.
Entre novembro de 2019 e setembro deste ano, com interrupções por conta da pandemia, um grupo de cerca de 15 pessoas reuniu materiais sobre a vida de Madre Vitória. A religiosa nasceu em Salvador, em 1661, e viveu no Convento do Desterro, em Nazaré, onde seu dom para vocação passou a ser conhecido. Os documentos que serão encaminhados ao Vaticano incluem registros históricos e relatos de graças alcançadas.
O dossiê deve comprovar que Madre Vitória dedicou sua vida à religião e à Igreja Católica. Se houver aprovação do Vaticano, o processo para que ela se torne santa será continuado. No caso de Santa Dulce, a canonização aconteceu 27 anos após a sua morte. “A Igreja é muito exigente quando se trata de reconhecer a santidade de alguém. Por isso, nesta fase, a Arquidiocese buscou conhecimento histórico e o testemunho da santidade que ela viveu”, explicou o cardeal Dom Sergio da Rocha, que presidiu a sessão.
Para que a nova santa baiana seja emplacada, é preciso que o Vaticano aprove o seguimento do processo que precisará incluir, ao menos, dois milagres comprovados. Não há prazo para que a Santa Sé responda o pedido da Arquidiocese de Salvador.
“Deveremos aguardar que o Vaticano permita a sequência com o processo de beatificação, em que será necessário a comprovação de um primeiro milagre. Quando ela for declarada bem-aventurada, teremos a etapa de canonização, em que será necessário mais um milagre”, completa.
Apesar de os documentos ainda não incluírem a defesa de um milagre específico, a equipe que reuniu o material já começou a receber relatos de baianos que tiveram milagres realizados por Madre Vitória. “Nós temos as provas documentais sobre tudo o que conseguimos sobre ela. Além da primeira biografia sobre ela escrita em 1720, por Dom Sebastião Monteiro da Vide, e relatos de devotos”, detalha o frei Jociel Gomes.
Pesquisa
Durante o processo de pesquisa, os membros da Comissão Histórica descobriram algumas curiosidades sobre a vida da religiosa. Entre elas, documentos em que o pai de Madre Vitória, o capitão Bartolomeu Nabo Correio, solicitava um espaço para que a baiana estudasse em Portugal. De início, Madre Vitória repudiava a ideia de se tornar freira, o que só mudou depois que ela teve experiências místicas.
“Nós encontramos um documento em que o pai dela solicitava um espaço, em Portugal, para que ele enviasse ela a irmã para estudarem em um convento. Esse movimento de fontes demanda tempo e pesquisas foram feitas no Arquivo Nacional da Torre do Tombo [em Lisboa]”, diz frei Jociel Gomes.
Apesar do desejo do pai, Madre Vitória permaneceu em Salvador até morrer, aos 54 anos, em 1715, no Convento de Santa Clara do Desterro. Os restos mortais da religiosa estão depositados acima de uma das portas que ligam o coro de baixo à nave na Igreja do convento.
Em 7 de julho de 2019 a Congregação para a Causa dos Santos autorizou a abertura da causa de beatificação da Madre Vitória, que passou a ser chamada, a partir de então, de Serva de Deus Vitória da Encarnação.